Exagero nos cruzamentos, falta de efetividade do ataque e lado mental pesam para o Tricolor não furar a defesa do Criciúma. Agora, terá dois jogos fora de casa nas três rodadas restantes
São apenas 30 gols em 35 rodadas deste Campeonato Brasileiro. O Fluminense, que empatou com o Criciúma em 0 a 0 nesta terça-feira, no Maracanã, viu uma das suas maiores carências, a falta de objetividade no ataque, ser decisiva para o resultado. Vamos falar de vários pontos, como a falta de força mental para lidar com a pressão e os exageros nos cruzamentos (foram 44 no total), mas temos que começar com a prioridade: a imensa dificuldade em transformar volume de jogo em bolas na rede.
É difícil explicar como um time conhecido por ter um dos melhores ataques do Brasil em duas temporadas consecutivas veja este setor definhar — e isso já estava acontecendo quando Fernando Diniz era o treinador. O problema é que, nesta reta final de Brasileirão, se defender bem não basta mais. O Fluminense precisa de pontos e, para isso, precisa fazer gols.
Sem gols, clube e torcedores agonizam. Faltando três rodadas para o fim do torneio, o Flu está a um ponto do Z-4, tendo dois jogos fora de casa para fazer — diante Athletico-PR, na Ligga Arena, e Palmeiras, no Allianz Parque. O Tricolor é o 14º pior visitante do Campeonato Brasileiro.
Também haverá um duelo contra o Cuiabá, no Maracanã. É o fio de esperança nessa luta. A preocupação é repetir outro problema visto contra o Criciúma: o péssimo retrospecto contra equipes que lutam contra o rebaixamento. O time perdeu os dois jogos para Atlético-GO e Vitória, além de não ter vencido Juventude, Corinthians, Grêmio e Criciúma.
E o jogo com o Criciúma só não entrou na lista de derrotas porque um milagre de Fábio e duas bolas na trave impediram. Caso contrário, o Tricolor estaria abraçado ao rebaixamento.
É curioso perceber que, mesmo na zona de rebaixamento, o Criciúma chegou ao Maracanã disposto a fazer cera. O Fluminense, por outro lado, seguiu seu padrão de atacar por intuição: uma jogada individual, uma bola sobrada ou cruzamentos para a área. Porém, tinha volume, isso não dá para negar. No primeiro tempo, a principal válvula de escape foi Keno. Especialmente quando ficava no confronto direto com o lateral-direito Dudu.
Neste início avassalador do ponta esquerda, o Fluminense pediu três pênaltis, mas a arbitragem não confirmou nenhum deles. O primeiro com ele finalizando a boa jogada de Arias e pedindo um toque de mão. Na sequência, conseguiu o escanteio que terminou com Kauã Elias reclamando de ter recebido um soco do goleiro Gustavo. Na terceira, Keno fez uma jogada em que pediu um toque por baixo, que o impediu de finalizar.
O volume não resultou em gol e vieram os problemas físicos que fizeram o ritmo do Fluminense diminuir. O próprio Keno pisou em falso e pareceu ter torcido o tornozelo esquerdo. Deixou o gramado, recebeu atendimento e voltou. Mas sem o mesmo ímpeto de antes. Claudio Tencati colocou uma linha de cinco defensores e impediu que ele tivesse espaço para flutuar por ali.
Depois, o golpe mais duro, a saída de Paulo Henrique Ganso devido a um problema físico nas costas. Ele fazia uma partida inteligente, encontrando espaços. A sua saída interferiu diretamente na construção das jogadas do Fluminense. Renato Augusto entrou, mas demorou para se adaptar à partida.
Sob algumas vaias, o Fluminense foi para intervalo sabendo que o cenário do jogo ia mudar. A partir do começo da segunda etapa, o que se viu foi uma equipe vítima da pressão e da própria ansiedade.
Com isso, o Tricolor conseguiu ser pior no segundo tempo do que foi no primeiro. Mais ansioso, pior ainda tecnicamente. E se não fosse o milagre já citado de Fábio, estaria na zona de rebaixamento. O lance aconteceu ainda na metade do segundo tempo. Duas bolas na trave no mesmo lance, com Barreto e Felipe Vizeu, com uma defesa incrível de Fábio em chute à queima-roupa de Barreto, e por pouco o Criciúma não abriu o placar.
Se o Fluminense levasse esse gol, animicamente e tecnicamente poderia se dizer rebaixado. É difícil imaginar que essa equipe, esfarelada mentalmente, teria forças para reagir.
As trocas de Mano Menezes pouco surtiram efeito. Cano e Lima entraram no segundo tempo e pouco mudaram o jogo. Depois, Marquinhos contribuiu com muita velocidade e pouca inteligência para tomar decisões nas jogadas. Dois cruzamentos horrorosos do ponta direita no final da partida simbolizam bem isso.
Por falar em cruzamentos, foram 44 no total, sendo só nove certos, para um dos times que menos têm gols de cabeça na Série A do Campeonato Brasileiro. Um exagero que o próprio Mano Menezes admitiu em coletiva. Demonstração de desespero que também contribuiu para o empate em 0 a 0.
Num jogo em que o Fluminense precisava vencer, a falta de efetividade resultou no empate. Mas o que mudar para as três rodadas que faltam? Se possível, tudo. Mas se for para começar por algo, que seja melhorar o poder de fogo.
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