Análise do Flamengo: expulsão compromete mais uma noite de inovações positivas de Filipe Luís
O jogo em que o Flamengo deu adeus definitivo às reduzidas chances que tinha de conquistar eneacampeonato brasileiro ficou marcado por mais uma inovação positiva de Filipe Luís. No 0 a 0 com o Fortaleza, no Castelão, o Rubro-Negro foi melhor antes e depois da expulsão de Pulgar, ocorrida aos 21 minutos da etapa final num lance de grande infelicidade do chileno.
"Fui para cima", disse Filipe Luís em coletiva após o jogo. E foi mesmo. O treinador levou a campo uma formação surpreendente, com quatro atacantes: Michael, Plata, Bruno Henrique e Gabigol. Se expôs, correu riscos, mas machucou o Fortaleza, melhor mandante do Campeonato Brasileiro, com 13 vitórias e cinco empates. O Leão da Pici é o único que não perdeu em casa na competição.
- Fui para cima. Vir aqui na casa do Fortaleza, um time que não tinha perdido ainda em casa durante o ano inteiro, e continua sem perder, eu acreditava que a única forma de vencê-los seria ir atacando e tentando ir para cima deles.
Falta de efetividade reaparece, e amasso não é traduzido em gols
A escalação de Filipe Luís surpreendeu demais. O autor do texto não sabe se é possível tratar o sistema inicial como 4-2-4, já que o posicionamento por vezes migrou para 3-4-3, 4-3-3 e até 4-4-2. Sobraram variações, e o fato é que o Flamengo jogou bem e teve as melhores chances da etapa.
É verdade também que o time se expunha, e Hércules teve oportunidade de marcar em contra-ataque aos oito minutos. Mas por outro lado é inegável que o Flamengo teve o controle das ações. No primeiro tempo, teve 66% de posse de bola e um placar de 7 a 2 em finalizações. O problema é que o Rubro-Negro voltou a perder grandes chances. A primeira, em cabeçada de Bruno Henrique, parou na trave.
A segunda veio em chute fraquinho de Gabigol de dentro da área após ótimo passe de Michael.
Michael, aliás, iniciou várias jogadas bem, com esperteza para roubar bolas e imprimir velocidade, mas teve dificuldade para concluí-las da melhor maneira. Foi afobado em algumas tomadas de decisão e não conseguiu fazer a diferença.
O único grande perigo passado pelo Flamengo nos 45 minutos iniciais aconteceu nos acréscimos, quando Wesley cometeu erro grave diante de Moisés, mas mostrou uma recuperação impressionante e se atirou para desarmar Marinho, que sairia livre na cara de Rossi. Se em outros tempos os equívocos do garoto geralmente terminavam mal, o grande momento mostra que ele tem confiança até para corrigir um garrancho que parecia incorrigível.
Expulsão freia controle rubro-negro
Apesar de o Flamengo ter superado o Fortaleza no primeiro, um dos quatro atacantes esteve muito abaixo de todos. Filipe Luís fez o certo e sacou Gabigol. De la Cruz, que não jogava de 20 de outubro, o substituiu e entrou bem.
Num claro 4-3-3 e com um time ainda mais ativo após a providencial mexida de Filipe, o Flamengo seguiu melhor. Pulgar era, com algumas sobras, a grande figura em campo. Em um dos lances de perigo da etapa, o chileno dá passe de craque para Gerson, que rola para o meio, e Michael arremata em cima de João Ricardo.
O problema é que aos 21 minutos, quatro depois dessa linda achada para o Coringa, Pulgar parece não ter aceitado um raro erro de passe que cometera no campo de ataque e saiu em disparada para recuperar a posse. Sobrou volúpia e força no carrinho em Marinho. Faltou sangue frio, já que estava amarelado. Foi expulso merecidamente pelo segundo amarelo e pela tomada de decisão completamente equivocada, mas é importante frisar que o primeiro é fruto de exagero de Anderson Daronco.
Depois da expulsão, Filipe Luís colocou Alcaraz e David Luiz nos lugares de Michael e Plata. Saiu de um 4-3-3 para um 5-3-1. E continuou melhor. O Flamengo ainda perdeu ótimas chances com
Alcaraz, uma delas por excesso de força do argentino e outra devido a uma grande defesa de João Ricardo.
Mesmo já com vários jogadores extenuados, o Flamengo tentou até o fim, mas esbarrou mais uma vez na falta de efetividade. No último lance do jogo, Alcaraz deu lançamento na medida para Bruno Henrique, que chegou em boa condição de finalização. Cansado, o camisa 27 cortou para fora e tentou o toque na entrada da pequena área. O ídolo desperdiçaria ali a última grande chance. De vencer e de continuar com uma reduzidíssima chance de eneacampeonato.
Filipe Luís inovou mais uma vez, tornou o Flamengo dominante novamente e deixou um alento aos torcedores: se continuar no clube, essa já cansativa rotina de ser coadjuvante no Campeonato Brasileiro terminará. Já falava que era sua competição preferida nos tempos de atleta e reafirmou tal predileção. Como diz a famosa faixa, o "Brasileiro é obrigação" faz parte do vocabulário do treinador.
FONTE: ge.globo.com