"O que nos chamou atenção foi a quantidade de diplomas protocolados, mais ainda por ser da mesma instituição de ensino", relembra. "Falei: 'Tem alguma coisa errada aí'."
"Um ou outro me pediu tipo: 'Quantas horas eu preciso fazer para ganhar 30%?', que é o máximo que a gente paga. [Eu respondi:] '1080 horas'. Aí me pedia hoje, amanhã chegava com os certificados", conta a outra.
O Ministério Público, então, chamou para depor alguns dos servidores que fizeram os cursos, que custaram R$ 25. O Fantástico teve acesso ao que eles disseram.
"A maioria, dos funcionários tinham feito. Aí eu falei: 'Eu vou fazer também. Todo mundo fez.'", afirmou um deles. "Eu pensei: 'Para mim, é uma chance de ter um aumentinho', mas não foi de má-fé", afirmou uma das servidoras em depoimento.
Em depoimento ao MP, outro servidor disse que nem sabia mexer no computador, mas fez quatro cursos online.
Promotor: O senhor não chegou nem a ler a apostila?
Servidor: Não, nem sei mexer em computador.
Promotor: O senhor não chegou a fazer aula, né?
Servidor: Não, só a prova mesmo. Fiz quatro cursos.
Curso de 272 horas foi concluído em 13 minutos
O Ministério Público colocou um agente do serviço de inteligência para ver como funcionava a instituição de ensino. Sob um nome falso, ele se matriculou e concluiu dois cursos online em uma das escolas investigadas.
"O primeiro curso que eu fiz foi de 13 minutos, equivalente a 272 horas, e o outro curso foi de 260 horas. Entre a escolha do curso, a inscrição no curso e a finalização do curso com a prova, eu demorei 18 minutos", conta.