Jean Machado Ribas, de 23 anos, suspeito de manter a própria companheira em cárcere privado por cinco anos, foi preso nesta quarta-feira (16) após se entregar para a polícia em Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba. Ele estava foragido há 29 dias.
No dia 14 de março, a vítima foi resgatada junto com o filho de 4 anos pela Polícia Militar (PM-PR) em Itaperuçu, também na Região Metropolitana, após enviar um e-mail com um pedido de socorro para a Casa da Mulher Brasileira.
Jean foi indiciado pelos crimes de cárcere privado, ameaça, violência psicológica e descumprimento de medida protetiva. A defesa do suspeito negou os crimes e afirmou que Jean não foi intimado da existência da medida protetiva que o proibia de se aproximar ou tentar contato com a vítima.
Na terça-feira (15), o advogado de Jean informou à polícia que o suspeito iria se entregar. Por segurança, o advogado optou por entregar o suspeito no escritório de advocacia.
A polícia buscou Jean em uma viatura descaracterizada por volta das 14h desta quarta-feira. Ele chegou na delegacia por volta das 14h30.
Ele passou por uma audiência de custódia e a juíza Marcella Ferreira da Cruz Barradas definiu por manter a prisão preventiva dele, que será levado para a cadeia pública de Curitiba.
Suspeito chegou a ser preso, mas foi solto
No dia 14 de março, Jean foi preso em flagrante. Porém, na manhã do dia 16 de março, foi solto após passar por uma audiência de custódia.
Na ocasião, o Ministério Público (MP-PR) se manifestou contra a prisão preventiva do homem, afirmando que o investigado não apresentava antecedentes criminais relevantes e que a medida protetiva vigente seria suficiente para preservar a integridade física e psicológica da vítima.
Porém, um dia depois, o órgão voltou atrás e solicitou a prisão preventiva do homem. Ao solicitá-la, a Promotoria de Justiça destacou a periculosidade do investigado e a necessidade da medida para a garantia da segurança da mulher e dos familiares.
O Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR) aceitou o pedido e a Polícia Militar tentou cumprir o mandado de prisão, mas Jean não foi encontrado.
No fim de março, um homem foi preso no Distrito Federal e se apresentou como sendo Jean Machado Ribas. No entanto, uma perícia que analisou as impressões digitais do homem confirmou que ele não era o suspeito.
Conivência da família e câmeras de segurança
A vítima contou à polícia que o homem, de 23 anos, a vigiava por meio de uma câmera de segurança que ficava voltada para a porta da residência.
Segundo o delegado Gabriel Fontana, a polícia apreendeu as câmeras de monitoramento e está extraindo as imagens para integrar as investigações.
A mulher relatou ainda que Jean não a deixava contatar outras pessoas se ele não estivesse presente, e que o filho de 4 anos do casal também vivia preso dentro de casa e presenciava as agressões.
A vítima afirmou que não tinha celular, e só tinha acesso a um aparelho que era usado em conjunto com o homem. Disse ainda que já foi amarrada e asfixiada pelo homem em diversas ocasiões.
Ainda conforme a mulher, os familiares sabiam da situação e eram coniventes com as agressões, acobertando o marido.
Cerca de 15 dias antes de enviar o e-mail para a Casa da Mulher Brasileira, a mulher havia tentado pedir ajuda deixando um bilhete de socorro em um posto de combustíveis.
"Me ajude. Sofro muita violência em casa", dizia o papel.
Na época, conforme a Polícia Militar, a corporação fez diligências na região indicada pelo bilhete, mas não encontrou a mulher, nem Jean.
Após ser resgatada, ela recebeu acolhimento.