Um adolescente de 14 anos, identificado como Lucas Vicente Machado, morreu após ser atropelado por um ônibus biarticulado enquanto pegava “rabeira” – prática perigosa em que ciclistas se agarram à traseira de veículos em movimento. O acidente ocorreu na tarde do último sábado (26), na Linha Verde, altura do bairro Xaxim, em Curitiba.
Lucas chegou a ser socorrido em estado grave e encaminhado ao Hospital do Trabalhador, mas infelizmente não resistiu aos ferimentos.
Em um áudio emocionante divulgado em grupos de WhatsApp, o pai do jovem fez um apelo direto aos adolescentes:
“Hoje meu filho morreu pegando rabeira. Eu falo pra vocês, quem sofre é o pai e a mãe. Eu e ela só tínhamos ele. Era só ele. Meu filho faleceu pegando rabeira, deu de frente com o ônibus [...] Meu filho voltou duas vezes e eu avisei que na terceira ele não voltaria mais, mas ele não me escutou. Vai pela cabeça dos outros [...] Não queiram ver um amigo de vocês em um caixão. Que isso sirva de exemplo. O negócio é sério, piazada. Eu peço, não peguem a beira.”
Vídeos compartilhados em redes sociais mostram Lucas praticando a mesma manobra em outro momento, o que reforça o alerta do pai.
Reação e mobilização
A tragédia causou forte comoção e reacendeu discussões sobre a segurança de jovens e trabalhadores do transporte coletivo. O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (SINDIMOC) anunciou uma manifestação para a próxima terça-feira (29), às 9h, em frente à Câmara Municipal.
O presidente do sindicato, Anderson Teixeira, lamentou o ocorrido e destacou que o problema é antigo:
“É uma fatalidade que já vinha sendo anunciada. O sindicato denuncia há anos o risco que esses jovens correm. Ninguém quer sair de casa e acabar com a vida de um adolescente ou provocar um acidente grave. Isso causa trauma e aumenta o estresse dos trabalhadores.”
Teixeira reforça que já existe legislação que proíbe a circulação de bicicletas nas canaletas exclusivas para ônibus, mas cobra medidas mais eficazes:
“Só a lei não basta. Precisamos de punições claras, que permitam à polícia agir com mais rigor. Multar, apreender, aplicar medidas educativas. Do contrário, continuaremos vendo tragédias como essa.”
O sindicato também busca apoio da Urbanização de Curitiba (URBS) e demais autoridades para uma ação conjunta. Segundo Teixeira, se nada for feito, o sistema de transporte coletivo corre risco de entrar em colapso.
Despedida
O velório de Lucas acontece em São José dos Pinhais. O sepultamento está marcado para esta segunda-feira (28), às 9h, no Cemitério Pedro Fuss, no mesmo município.
