Do Paraná para o mundo: bailarina quebra recorde e entra para o Guinness Book
Com apenas 3 anos de idade, Julia Felippi começava a trilhar seus primeiros passos no ballet em Cascavel, no oeste do Paraná. Anos depois, o que era uma brincadeira de criança se transformou em uma carreira internacional — e agora, também em um recorde mundial.
Aos 22 anos, Julia entrou para o Guinness World Records como uma das 353 bailarinas que ficaram simultaneamente na ponta do pé por um minuto inteiro, feito inédito registrado durante um evento organizado pelo renomado Youth America Grand Prix (YAGP), em Nova Iorque. O grupo superou a marca anterior de 306 bailarinas, alcançada em 2019.
"Achei que era só uma sessão de fotos..."
Segundo Julia, o convite chegou com poucas informações. "Só disseram: 'tragam as pontas, tutu e collant branco’", relembra. Ao chegar no local, se deparou com mais de 300 bailarinas vestidas exatamente como ela.
Cada participante recebeu um número, e jurados cercaram o grupo para garantir que nenhuma bailarina descesse da ponta antes do cronômetro marcar um minuto. "A gente vê isso em filmes. Estar ali, fazendo parte, foi incrível. Muita adrenalina, muita emoção!", descreve.
Ao fim da contagem, a confirmação: o recorde foi oficialmente quebrado. "Agora, quando alguém pergunta um fato interessante sobre mim, posso dizer: estou no Guinness Book!", comemora.
Da infância em Cascavel ao Bolshoi
O caminho até esse momento foi longo e exigente. Aos 11 anos, Julia foi aprovada na seletiva da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville (SC) — a única unidade da companhia fora da Rússia.
Após uma tentativa frustrada em 2012, ela foi aprovada no ano seguinte. Sua família inteira se mudou para a cidade catarinense para apoiar seu sonho. "Desistir nunca foi uma opção", afirma.
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O sonho americano
Em 2021, durante um curso de férias em São Paulo, uma professora da The Joffrey Ballet School — uma das mais prestigiadas companhias americanas — a notou em uma audição. Duas semanas depois, veio a notícia: ela havia sido aceita no conservatório em Nova Iorque. Mudou-se em 2022 e, desde então, vive uma rotina intensa de aulas e ensaios.
Lago dos Cisnes com o mar ao fundo
Entre os momentos mais marcantes, ela destaca uma apresentação ao ar livre, dançando Lago dos Cisnes à beira-mar. “O sol se pondo e o oceano como cenário. Foi tão poético… Uma memória que vou levar pra sempre.”
Conexões que atravessam gerações
Nos EUA, longe da família, encontrou acolhimento entre idosos de uma igreja que frequenta. Uma das senhoras, de 80 anos, foi assistir a uma apresentação contemporânea. “Fiquei com receio da reação dela, por não ter história tradicional, mas ela me esperou com um buquê de flores, emocionada, dizendo: ‘Quero ver de novo e de novo.’”
Para Julia, esse é o verdadeiro poder da dança: tocar corações, independente da idade ou cultura.
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