O jogador boliviano Miguel Ángel Terceros Acuña, conhecido como Miguelito, do América-MG, foi preso em flagrante na noite de domingo (4), suspeito de ter cometido injúria racial contra o jogador Allano Brendon, do Operário Ferroviário, durante uma partida da Série B do Campeonato Brasileiro, realizada no Estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa (PR).
A acusação foi feita durante o primeiro tempo da partida. Aos 30 minutos, após um lance de falta, Miguelito teria chamado o adversário de "preto do c***"**, conforme relato do próprio Allano e confirmado pelo capitão do Operário, Jacy. O árbitro Alisson Sidnei Furtado interrompeu o jogo e ativou o protocolo antirracismo da CBF, fazendo o gesto de X com os braços em frente ao peito, sinal que determina que a denúncia constará em súmula.
Apesar da paralisação de cerca de 15 minutos, Miguelito seguiu em campo até o intervalo, quando foi substituído. Ao final da partida, vencida pelo Operário por 1x0, o jogador do América foi conduzido pela Polícia Militar até uma delegacia, onde foi autuado em flagrante.
Depoimentos e investigação
Segundo o delegado Gabriel Munhoz, os depoimentos da vítima e da testemunha foram determinantes para a prisão, já que as câmeras oficiais não captaram o momento exato da fala, pois Miguelito estava de costas. A polícia busca agora outras imagens da partida para reforçar a investigação. Miguelito permanecerá preso até a audiência de custódia, ainda sem data definida.
A pena prevista para o crime de injúria racial pode chegar a até cinco anos de reclusão.
Confusão em campo e nas arquibancadas
Após a denúncia, houve confusão entre os jogadores. Allano tentou tirar satisfações com Miguelito, que teria tentado desconversar após perceber a repercussão de sua fala. Houve também tumulto nas arquibancadas: um torcedor foi retirado após arremessar um copo em direção ao banco de reservas do América-MG.
Durante o segundo tempo, Allano recebeu cartão amarelo por falta dura em Miguelito.
O que dizem os clubes
O Operário Ferroviário repudiou com veemência qualquer forma de racismo e informou estar dando total apoio ao atleta Allano. O clube também afirmou que irá buscar mais elementos que comprovem os fatos e tomará as medidas cabíveis.
Já o América-MG, em nota, declarou total solidariedade a Miguelito, chamando as acusações de "infundadas". Segundo o clube, uma apuração interna não encontrou indícios de atitude racista por parte do jogador, descrito como ético e respeitoso.
“Repudiamos qualquer tentativa de imputar condutas incompatíveis com nossos valores a atletas e colaboradores, especialmente quando desprovidas de qualquer respaldo nos fatos”, destacou o América-MG.