O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil elevou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, atingindo 15% ao ano, na reunião realizada em 18 de junho de 2025. A decisão, unânime, marcou o sétimo aumento consecutivo, levando a taxa básica de juros ao maior nível desde julho de 2006. Na ata divulgada nesta terça-feira (24/6), o colegiado destacou a necessidade de manter juros elevados por mais tempo devido às expectativas de inflação desancoradas e ao cenário fiscal desafiador.
O Copom expressou preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação, classificada como “um fator de desconforto comum a todos os membros”. Apesar de surpresas baixistas recentes, o cenário de curto prazo permanece adverso, impulsionado por pressões inflacionárias persistentes. O comitê também apontou incertezas externas, como o conflito geopolítico no Oriente Médio, que pode impactar o mercado de petróleo e influenciar decisões de investimento e consumo globalmente. “Ainda é cedo para concluir a magnitude do impacto na economia doméstica”, observou o colegiado.
No âmbito fiscal, a ata reforçou a importância de uma política fiscal contracíclica para reduzir o prêmio de risco e facilitar a convergência da inflação à meta de 3% (com tolerância de 1,5% a 4,5%). O Copom alertou que um relaxamento fiscal pode exigir juros ainda mais altos, enquanto debates sobre a sustentabilidade da dívida e a redução de gastos tributários podem afetar a percepção de risco e a curva de juros. “Uma política fiscal que contribua para a redução do prêmio de risco favorece a convergência da inflação”, destacou o documento.
O comitê enfatizou sua postura vigilante, indicando que novos ajustes na Selic podem ocorrer se necessário. “Os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados, e o Comitê não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, afirmou. A decisão de manter juros altos reflete a estratégia de combater a inflação, que, segundo dados recentes, estabilizou-se em 5,5% em abril, mas segue acima da meta.
A elevação da Selic e o tom cauteloso do Copom geraram reações mistas. Setores produtivos expressaram preocupação com os impactos dos juros altos na atividade econômica, enquanto analistas de mercado destacaram a firmeza do Banco Central em ancorar as expectativas inflacionárias. A ata também reforçou a cobrança por maior disciplina fiscal do governo, sugerindo que a redução de gastos é essencial para aliviar a pressão sobre a política monetária.