Uma iniciativa inédita em Apucarana promete transformar a realidade de pessoas privadas de liberdade e fortalecer a integração entre segurança pública e educação. Trata-se do projeto “Mãos Amigas”, que prevê a ressocialização de detentos da Cadeia Pública do município por meio de atividades laborais em escolas estaduais.
O programa foi oficializado por meio de um termo de cooperação entre a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), o Departamento de Polícia Penal (Deppen), o Fundo Penitenciário (Fupen) e o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar), com o apoio decisivo do Conselho de Segurança (Conseg) de Apucarana e do Conselho da Comunidade.
Segundo o presidente do Conseg, Vicente Batista Júnior, a iniciativa é um marco para a cidade. “O projeto Mãos Amigas representa uma oportunidade real de recomeço para pessoas que estão pagando suas penas, ao mesmo tempo em que contribuem com o bem público. É um trabalho de reintegração social e valorização humana que conta com o apoio total do Conseg”, destacou.
Para garantir a segurança do programa, está prevista a construção de duas novas celas na Cadeia Pública, que irão abrigar exclusivamente os participantes do projeto. De acordo com Vicente Batista, o investimento será mínimo, pois os próprios detentos fabricarão os blocos e executarão a obra, aproveitando a estrutura da fábrica de blocos existente na unidade prisional.
“Nós ainda não temos o valor exato do investimento, mas boa parte dos materiais e da mão de obra será local. Os próprios detentos vão produzir os blocos e construir as celas, com direito à remição de pena pelo trabalho”, explicou o presidente do Conseg.
Também participam ativamente da implementação do projeto o chefe do Núcleo Regional de Educação, Wladimir Barbosa da Silva, e o chefe da Engenharia do Núcleo de Educação, Roberto, além do representante do Departamento de Polícia Penal (Depen), Arnaldo Miguel, e do presidente do Conselho da Comunidade, Márcio Marques Rei.
O projeto “Mãos Amigas” prevê que os detentos selecionados — que cumpram ao menos um sexto da pena, apresentem bom comportamento e não tenham envolvimento em crimes sexuais — possam trabalhar em serviços de conservação, manutenção e reparos em escolas estaduais, com remuneração e direito à remição de pena.
O Fundepar será responsável por fornecer equipamentos, transporte e alimentação, além de pagar remuneração equivalente a 90% do salário mínimo, sendo 75% destinados diretamente ao detento, em conta bancária em seu nome.
“Mesmo estando presos, esses trabalhadores poderão ajudar suas famílias e reconstruir suas vidas. É uma forma de ressocialização efetiva e digna”, enfatizou Vicente Batista Júnior.
A construção das celas deve iniciar nos próximos dias, e, assim que concluída, dará início ao funcionamento pleno do programa, considerado um exemplo de cooperação entre instituições e comprometimento com a segurança pública e a reintegração social em Apucarana.
