PINHÕES E VIOLÕES
O engenheiro mecânico Marcello Rizzi viu na luteria uma oportunidade de guinada na carreira depois de ser dispensado da empresa onde trabalhou por três anos. "Depois que fui desligado, decidi passar uma temporada fora e fui para os Estados Unidos. Lá visitei um museu de instrumentos musicais e descobri uma escola de luteria. Como sempre fui ligado à música, resolvi aprender o ofício e já são sete anos de dedicação exclusiva à construção de equipamentos", conta.
Especializado em violões de aço, ele leva de três a quatro meses para entregar uma encomenda. E seus instrumentos têm o paranismo literalmente incrustado na madeira. Pequenos pinhões delicadamente moldados enfeitam os violões que saem do ateliê, o que já virou marca registrada da Rizzi. Além disso, Marcello faz ajustes e reparos em equipamentos.
Para mostrar a qualidade musical dos instrumentos que produz, ele criou o projeto Ultrasonoros, um canal no YouTube que reúne músicos curitibanos que vão tocar utilizando os equipamentos que compraram da Rizzi ou que foram colocados à disposição pela marca. "Já gravamos 40 episódios. Isso se transformou num acervo da contemporaneidade da música curitibana e brasileira", conta.
MÚSICA ERUDITA –O paulista João Burattiestá desde 2019 instalado em Curitiba. "Vim fazer algumas disciplinas isoladas no curso de luteria da UFPR. Já era luthier formado no Conservatório de Tatuí, em São Paulo, mas queria aprender mais. Vim estudar, fazer um estágio, mas as coisas evoluíram. Comecei a ter bastante demanda de trabalho e montei meu ateliê aqui", conta. Diferente do curso da UFPR, o ofertado em Tatuí não é de nível superior.
Especializado em fabricação de violinos, Buratti dedica boa parte do seu tempo para manutenção e reparos de instrumentos. "Hoje é isso que toca o ateliê e paga as contas. E a construção dos equipamentos faço por amor", afirma.
Ele conta que grande parte do seu público é formada por músicos das orquestras de igrejas evangélicas da cidade, além de outros músicos profissionais. A maior parte dos instrumentos que chega ao seu ateliê vem da China e precisam de restauro completo para uma boa sonoridade.
"Meu maior prazer é fazer com que a pessoa se surpreenda com o instrumento que tem. Então eu faço todas as substituições e adaptações necessárias para que eles saiam daqui com um instrumento de boa qualidade", conta.
Paralelamente, Marcello se dedica à fabricação de violinos. Ele produz no máximo dois por ano. Além do processo ser completamente manual – e igual àquele usado há 300 anos – toda a matéria-prima é importada. Desde a madeira até os vernizes, cola e cordas. Um instrumento feito por ele não sai por menos de R$ 15 mil, mas ainda é bem mais barato que qualquer instrumento feito de forma artesanal na Europa, por exemplo.
Rádio Apucarana / Jornal De Apucarana