Com a morte do Papa Francisco nesta segunda-feira (21), a Igreja Católica entra em um novo momento decisivo de sua história. Nos próximos dias, será convocado o conclave — o tradicional processo de eleição papal que ocorrerá na Capela Sistina, no Vaticano. Ao todo, 138 cardeais com menos de 80 anos, considerados aptos a votar segundo as regras da Igreja, terão a responsabilidade de escolher o próximo líder espiritual de mais de 1,3 bilhão de católicos no mundo.
O colégio de cardeais é composto por figuras com visões diversas, que refletem os diferentes rumos que a Igreja pode tomar após a era Francisco. O desafio será conciliar tendências internas — entre conservadores e progressistas — em meio a um cenário de mudanças sociais, crises geopolíticas e debates intensos sobre o futuro da fé católica.
Herdeiros e críticos do legado de Francisco
O papa falecido marcou seu pontificado por reformas significativas, maior abertura a temas sociais, maior diálogo inter-religioso e uma postura firme contra abusos dentro da Igreja. Também aproximou a Igreja dos pobres, dos migrantes e de temas ambientais, sendo aclamado por muitos como um “papa do povo”. Ao mesmo tempo, foi criticado por setores mais conservadores, que o consideraram liberal demais em questões doutrinárias.
Entre os cardeais mais próximos de Francisco estão nomes como:
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Matteo Zuppi (Itália): Arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, defensor do diálogo e da paz.
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Luis Antonio Tagle (Filipinas): Um dos favoritos do conclave passado, forte nome da ala progressista.
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Kevin Farrell (Irlanda/EUA): Atual camerlengo do Vaticano, figura influente na gestão atual.
Já entre os que defendem um retorno a posições mais tradicionais estão:
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Robert Sarah (Guiné): Aposentado, mas com influência entre os conservadores.
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Péter Erdő (Hungria): Com fama de conciliador, porém com postura mais tradicional.
Conclave: segredo, tradição e decisão divina
O conclave acontece em sigilo absoluto. Os cardeais são trancados na Capela Sistina e votam até que um nome alcance ao menos dois terços dos votos (92 de 138). Cada sessão de votação é precedida por oração, e os votos são depositados manualmente.
A famosa fumaça branca, que sai da chaminé da Capela Sistina, indica quando o novo papa é eleito. A fumaça preta, por sua vez, sinaliza que nenhum consenso foi alcançado.
Após a escolha, o novo pontífice é anunciado da sacada da Basílica de São Pedro com a frase: “Habemus Papam” ("Temos um Papa").
O que está em jogo
Mais do que a escolha de um novo líder religioso, o próximo papa definirá os rumos da Igreja para as próximas décadas. O sucessor de Francisco poderá:
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Continuar ou frear as reformas do pontificado anterior.
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Definir o tom do diálogo com a sociedade contemporânea.
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Influenciar questões globais como migração, guerras, meio ambiente e pobreza.
O mundo aguarda, mais uma vez, qual será a face da Igreja Católica nos anos que virão.