De acordo com as investigações, o golpe teve sucesso porque os clientes não tinham acesso às próprias contas; eles enviavam o dinheiro à empresa do casal e era o casal quem dava atualizações sobre os supostos rendimentos.
Em um dos casos, um cliente chegou a aplicar R$ 600 mil.
Outro enviou R$ 67 mil aos suspeitos, e ainda ficou endividado porque a maior parte do dinheiro, R$ 50 mil, foi obtida através de um empréstimo. A vítima conta que chegou a conseguir retirar R$ 10 mil no final de 2024, mas em fevereiro de 2025, quando recebeu a informação que o próprio saldo estava em R$ 140 mil e entrou em contato com Guilherme para fazer um saque, o jovem alegou que a plataforma estava com problemas.
"As desculpas eram de que ele teve um bloqueio nessa corretora. Tinha bloqueado o dinheiro de algumas pessoas, incluindo o meu dinheiro, e ele não conseguia fazer os saques", conta a vítima, que prefere não ser identificada.
A Polícia Federal está investigando o caso e afirma que há indícios de pirâmide financeira, além dos crimes de operação irregular de instituição financeira, fraude em operações com ativos virtuais e lavagem de dinheiro.
O que dizem os envolvidos
Em entrevista à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, o advogado de Guilherme Melchior disse que "tudo estava sendo realizado de maneira legal", mas um problema técnico dificultou o ressarcimento dos clientes, "o que ocasionou um desespero".
Já a defesa de Eduarda Medeiros afirmou que vai esperar o resultado das investigações para se manifestar.
A corretora de criptomoedas, que não é investigada, negou qualquer instabilidade na plataforma e informou que dados só são repassados com ordem judicial.
Ameaça de processo
Uma das cláusulas do contrato fechado pela Melchior e Medeiros Investimentos com os clientes garantia que eles teriam "assegurado o direito ao resgate do lucro, sempre avisando com 48 horas de antecedência sobre o aporte inicial realizado".
No entanto, as vítimas relatam que, quando começaram a cobrar que a empresa do casal liberasse os valores investidos e os lucros prometidos, uma advogada entrou em contato com alguns deles alegando que a plataforma estava com problemas.
A RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, obteve algumas das mensagens de texto e de áudio que a advogada enviou aos clientes da Melchior e Medeiros Investimentos.
Elas mostram que a mulher disse que entraria com processos contra quem registrasse boletim de ocorrência contra a empresa.
"Teve cliente ameaçando, teve cliente que fez boletim de ocorrência, dizendo que o Guilherme é estelionatário. [...] Eu vou entrar com processo contra cada um na Vara Criminal. As pessoas vão ter que responder por falsa comunicação de crime, outras vão responder por ameaça, por injúria, por calúnia, por difamação...", diz uma das mensagens.
Procurada pela imprensa, a advogada não quis se manifestar.