Ainda segundo o Dieese, em 2024, o estado exportou mais de 8 mil toneladas de açaí, com destaque para as produções nos municípios de Igarapé-Miri, Cametá e Abaetetuba.
O açaí tem ganhado projeção internacional como uma espécie de "superalimento" e outras aplicações comerciais. Mas agora enfrenta um desafio significativo:
"Com a tarifa de 50%, o açaí paraense perderá drasticamente a competitividade no mercado americano. Isso significa que o produto ficará muito mais caro para os consumidores dos EUA, o que pode levar a uma queda acentuada na demanda", afirma Everson Costa, pesquisador do Dieese.
O supervisor técnico do Dieese no Pará afirma que a possível queda nas exportações do açaí pode causar impactos sociais expressivos para os trabalhadores que estão, direta ou indiretamente, envolvidos na cadeia produtiva da fruta no estado.
"O prejuízo afetaria principalmente o elo mais fraco da cadeia, formado por ribeirinhos, quilombolas e pequenos produtores que dependem do açaí como principal fonte de renda", explica.
De acordo com Everson, a nova tarifa pode aprofundar desigualdades sociais e comprometer a sustentabilidade econômica de comunidades tradicionais da Amazônia, que há décadas atuam na extração e comercialização do fruto.
Denise Acosta, presidente do Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados do Estado do Pará (Sindfrutas), apontou que a decisão dos Estados Unidos representa uma ameaça concreta à sustentabilidade da indústria do açaí no Pará: além de ser responsável por 90% da produção nacional do fruto, o estado abriga um parque industrial especializado na transformação, conservação e exportação do produto, com processos para garantir qualidade, rastreabilidade e valor agregado.
'"Esse setor industrial tem sido fundamental para ampliar o alcance internacional do açaí e consolidar o Brasil como líder mundial na exportação do fruto. No entanto, com a nova taxação, muitas empresas correm o risco de perder competitividade no principal mercado importador, comprometendo contratos, investimentos e empregos", diz.
Para ela, é preciso considerar que, ao penalizar esse segmento com tributos elevados, cria-se um efeito em cadeia que pode comprometer toda a estrutura produtiva, desde a colheita até a industrialização. O impacto se estende também ao abastecimento do mercado interno, provocando distorções logísticas e comerciais.
Economista avalia impactos diretos