Líderes de diversos partidos haviam fechado acordo que previa apoio à PEC da Blindagem, que interessa ao Centrão, em troca de apoio contra a urgência da anistia, que interessa ao PT. Lula, porém, vetou, por entender que cairia mal na opinião pública justamente quando o governo sai.
Por orientação do presidente Lula, o PT acabou rompendo um acordo que havia costurado com o Centrão na semana anterior para apoiar a PEC da Blindagem e derrotar a urgência da anistia.
A PEC da Blindagem estabelece que o Supremo Tribunal Federal (STF) terá que pedir autorização da Câmara ou do Senado para processar um parlamentar, e que a votação para autorizar o processo será secreta.
Na semana passada, em reunião na residência oficial do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), líderes de diferentes partidos - exceto PL e Novo -, fizeram um acordo que, pela contagem de votos, garantia o mínimo necessário para derrubar a urgência da anistia.
Mas, para isso, o governo deveria pagar um pedágio: a PEC da Blindagem.
O acordo era que, se o Centrão, que tem interesse na matéria para blindar parlamentares da abertura de processos, tivesse apoio do PT para aprovar a PEC, apoiaria o PT para derrotar a anistia.
Depois da reunião na residência oficial que selou o acordo, Motta vai ao Palácio do Alvorada, residência oficial de Lula, e expõe a estratégia para o presidente.
Lula, após ouvir seus principais assessores - incluindo a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), e o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Sidônio Palmeira -, decidiu que o PT não deveria apoiar a PEC da Blindagem.
O entendimento foi que apoiar a medida ficaria ruim perante a base do partido e a opinião pública num momento em que o governo está saindo das cordas justamente por ter uma posição de enfrentamento ao Congresso.
Lula, por exemplo, vetou a ampliação do número de deputados aprovada pelo Congresso - uma pauta rejeitada por 85% dos brasileiros, segundo pesquisa Quest de julho. Vetou, também, trechos da lei que flexibilizou o licenciamento ambiental e o projeto de lei que reduzia a pena mínima para lavagem de dinheiro e ocultação de bens.
O governo, então, decidiu correr o risco no caso da urgência da anistia.
Aliados de Lula chegaram a dizer ao presidente que, sem ter uma maioria na Câmara, a derrota na urgência da anistia era certa, a não ser que fosse mantido o acordo para conseguir esse objetivo principal (apoiar a PEC da blindagem em troca dos votos para derrubar a anistia).
Esses aliados disseram, ainda, que a derrota na anistia seria o ser o pior recado que poderia se passar, inclusive para os Estados Unidos de Donald Trump, porque fortaleceria o discurso de que o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) não foi justo.
A avaliação, entretanto, não foi suficiente para convencer o presidente, nem Gleisi e Sidônio, que defenderam ir para o enfrentamento e não apoiar a PEC da Blindagem mesmo em troca da anistia.
Há quem diga que o Centrão embarcaria de qualquer maneira. Integrantes do grupo e até do Palácio do Planalto, entretanto, veem a mudança de posicionamento do PT como elemento principal para a derrota.
Lula cobrou punição a deputados do PT que votaram pela blindagem
O presidente Lula cobrou a punição aos 12 deputados do PT que votaram a favor da PEC da Blindagem. Afinal, o Palácio do Planalto era contra o acordo e, portanto, contra a PEC da Blindagem.
Aqui fica o resumo da Lei aprovada:
DEPUTADO ESTUPROU? A PEC PROTEGE.
DEPUTADO MATOU DIRIGINDO BÊBADO? A PEC PROTEGE.
DEPUTADO DESVIOU DINHEIRO PÚBLICO? A PEC PROTEGE.
DEPUTADO MATOU COM ARMA EM PUNHO? A PEC PROTEGE.
DEPUTADO ESPANCOU A COMPANHEIRA? A PEC PROTEGE.
Podem vir com discurso mais bonito, a desculpa mais enfeitada, não cola, isso não tem justificativa.
POR Rádio Apucarana
EDIÇÃO: Ferreira Junior