O Consórcio Canal Galheta Dragagem (CCGD), formado pela brasileira FTS e pelo grupo belga DEME, venceu o leilão inédito do Canal de Acesso ao Porto de Paranaguá, realizado nesta quarta-feira (22) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). A concessão é a primeira do tipo no Brasil e marca o início de um modelo pioneiro de gestão de canais aquaviários que dão acesso a portos públicos. O contrato de 25 anos prevê R$ 1,23 bilhão em investimentos para ampliar e manter o canal, cuja profundidade passará de 13,3 metros para 15,5 metros.
O governador Carlos Massa Ratinho Junior, que acompanhou o leilão na B3, em São Paulo, destacou que o resultado marca mais uma etapa do planejamento estratégico iniciado em 2019 para consolidar o Paraná como o principal hub logístico da América do Sul. Ele lembrou que o Estado está em uma região que concentra 70% do PIB do continente e que, por isso, tem investido em todos os modais de transporte para fortalecer sua infraestrutura.
“Desde o início da nossa gestão, traçamos o objetivo de transformar o Paraná na central logística da América do Sul. Por isso, estruturamos o maior pacote de concessões rodoviárias do País, modernizamos os aeroportos e fizemos um grande planejamento para os nossos portos. Hoje, o Porto de Paranaguá chega à Bolsa de Valores como o mais eficiente do Brasil por seis anos consecutivos, alcançando 70 milhões de toneladas movimentadas, bem acima das metas definidas pela União”, afirmou Ratinho Junior.
Ele ressaltou que as obras estruturantes em andamento no Porto de Paranaguá, como o novo Moegão ferroviário e o futuro Píer em T, vão ampliar significativamente a sua capacidade operacional. “Com o Moegão, aumentaremos em 35% a movimentação de cargas, e com o novo píer teremos quatro berços adicionais e o maior corredor de transporte via correia do mundo”, disse o governador.
“Agora, com o canal de acesso, vamos aumentar ainda mais a capacidade de movimentação de cargas, além de reduzir em 12% o custo para os usuários. É a prova de que o nosso planejamento deu certo e colocou o Paraná na vanguarda da infraestrutura brasileira”, concluiu Ratinho Junior.
Na avaliação do secretário estadual da Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, o aumento do calado e a redução da tarifa vão garantir uma logística mais eficiente e competitiva. “O leilão é uma vitória dos paranaenses, porque o Porto de Paranaguá representa o resultado da riqueza gerada em todo o Estado. Estamos preparando o porto para um novo patamar de movimentação, com custos menores e mais benefícios para quem produz e exporta pelo Paraná”, pontuou.
INEDITISMO
Diferentemente de outros processos de concessão, o modelo paranaense transfere à iniciativa privada a responsabilidade pelas dragagens e manutenção do canal, com metas claras de profundidade, desempenho e redução de custos para os usuários, garantindo maior eficiência operacional e previsibilidade financeira.
Quatro grupos empresariais participaram da concorrência: Jan De Nul (Bélgica), Consórcio CCGD (Bélgica), CHEC Dredging (China) e DTA Engenharia (Brasil). A disputa teve como critério inicial o maior valor de desconto oferecido para a tarifa Inframar – encargo cobrado das embarcações que utilizam o canal de acesso para custear serviços de dragagem e manutenção –, o que garante benefícios diretos aos usuários do porto.
O Consórcio CCGD foi o vencedor do leilão ao oferecer o desconto máximo de 12,63% em relação à tarifa de referência, além do maior valor de outorga, de R$ 276 milhões, que serviu como critério de desempate. O dinheiro será revertido em novos investimentos no Porto de Paranaguá. Além da outorga definida no leilão e dos investimentos obrigatórios previstos em contrato, o CCGD deverá despender outros R$ 86 milhões de outorga fixa por ano e 3% da receita anual.
De acordo com o ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, o Paraná tem desempenhado um papel de protagonismo na modernização da infraestrutura nacional, cujo pioneirismo implantado no Estado servirá de referência para o país.
“Quando o Paraná vai bem, o Brasil vai bem, e é isso que precisamos cada vez mais no País. Essa parceria com o Governo do Paraná cria um marco novo na política portuária brasileira”, afirmou. "O leilão do Canal de Acesso de Paranaguá é o primeiro do gênero no país e servirá de base para novas concessões previstas para 2026, nos portos de Santos, Bahia e Itajaí", complementou Costa Filho.