Técnica que ‘revive’ lobos pode transformar transplantes, afirma geneticista brasileira
Especialista aponta semelhanças entre desextinção e xenotransplantes, enquanto empresa planeja ressuscitar outras espécies extintas
Uma técnica revolucionária que trouxe de volta o lobo-terrível, extinto há mais de 10 mil anos, utiliza os mesmos fundamentos que já salvam vidas em transplantes de órgãos, segundo uma geneticista brasileira especialista no assunto. Em entrevista recente, a renomada pesquisadora em genética molecular explicou que o método aplicado por uma empresa americana para recriar os lobos tem bases semelhantes às usadas em xenotransplantes — procedimento que envolve a transferência de órgãos entre espécies distintas, como de porcos geneticamente modificados para humanos.
O marco foi alcançado com o nascimento de três filhotes de lobo-terrível, chamados Rômulo, Remo e Khaleesi, anunciados no início da semana. A técnica consistiu na edição genética de lobos-cinzentos, combinando seu DNA com material genético extraído de fósseis antigos. Os núcleos editados foram implantados em óvulos sem núcleo, que, por sua vez, foram gestados por cadelas mestiças saudáveis. “Nos xenotransplantes, modificamos células de suínos para evitar rejeição em humanos. Aqui, ajustamos genes para recriar características de uma espécie extinta”, detalhou a geneticista, destacando a precisão do processo.
Ainda assim, ela levanta questões éticas e práticas sobre o experimento. “Qual o propósito disso? Como esses animais afetariam o ecossistema atual?”, questionou, observando que os lobos recriados devem permanecer em cativeiro, sem perspectiva de reintrodução na natureza. A especialista também apontou a falta de estudos científicos revisados por pares como um desafio para a validação do projeto.
George R. R. Martin exalta vínculo com a ficção
O feito ganhou destaque extra com a participação de George R. R. Martin, autor da famosa saga As Crônicas de Gelo e Fogo. Em um texto recente, ele posou com um dos filhotes e celebrou a conexão entre os lobos-terríveis e os lobos gigantes fictícios que representam a Casa Stark em sua obra. “Muitos os veem como criaturas de fantasia, mas eles têm uma história real de impacto nos ecossistemas americanos”, escreveu Martin, que colabora como consultor cultural no projeto.
O escritor descreveu os filhotes como “magníficos”, destacando suas características: pelos grossos e claros, mandíbulas mais robustas e um tamanho até 25% maior que o dos lobos-cinzentos atuais. Ele também mencionou a presença do lobo na cultura pop, como em jogos de RPG e videogames, reforçando seu simbolismo.
Planos para além do lobo
O sucesso com o lobo-terrível é apenas o primeiro passo para a empresa responsável pelo projeto, fundada em 2021 por um empreendedor americano e um geneticista renomado. A organização já planeja aplicar a mesma tecnologia para desfazer a extinção de outras espécies, mirando um futuro onde a ciência possa reverter perdas históricas da biodiversidade.
Fonte: Rádio Apucarana